Depois de 30 anos, o álbum Noturno (1994) de Paulo Ricardo & RPM finalmente vê a luz do dia.

NOTURNO: o disco proibido de Paulo Ricardo & RPM — finalmente revelado.


E se Paulo Ricardo tivesse lançado o álbum Noturno em 1994?.

¿Como teria sido o impacto desse trabalho no Brasil, dominado na época pelo sertanejo, pelo axé e pela música popular nas rádios?.

Será que o público estaria preparado para um disco sombrio, introspectivo e existencial, como Noturno?.

Outra pergunta que me faço, se esse álbum tivesse acontecido, ¿será que Fernando Delúqui — co autor de muitas dessas canções — teria abandonado esse projeto no final de 94.

Hoje, vamos imaginar esse cenário alternativo, reconstruindo como poderia ter sido o disco noturno, usando demos reais gravadas entre 1993 e 1994.


O que você vai ouvir aqui é uma projeção — uma seleção feita a partir da minha própria visão, reunindo as faixas que, juntas, poderiam ter formado o álbum Noturno em 1994.

Um trabalho autoral, moderno e ousado, que mostraria um Paulo Ricardo mais introspectivo, poético e livre.”

Nesse cenário, Fernando Delúqui participaria desse projeto até o fim de 1994, os problemas entre os dois membros originais da banda, acho que inevitavelmente levaria a saída do guitarrista da banda, que em 1995 formou parte dos Engenheiros do Hawaii. Então a primeira guitarra da banda seria assumida por Alex Fornari

O Delúqui foi parte importante nesses dois trabalhos, onde tem boas composições trabalhando junto a Paulo Ricardo.

Vamos agora a seleção das faixas que seriam parte desse trabalho. A música de trabalho do álbum seria a primeira faixa do disco.


Noturno 
Cidade Fantasma 
Ninguém 
Astrolábios 
Exílio 
Construção 
Instinto Animal 
Brincando com Fogo 
Agora 

“Noturno" poderia ter sido o álbum que marcaria uma nova era na carreira de Paulo Ricardo — uma fase mais madura, introspectiva e artística.

Mas o destino seguiu outro caminho, e essas músicas ficaram gravadas em fitas que hoje a gente conhece.

Um fator que não pode ser ignorado na projeção desse álbum é o histórico do boicote ou resistência, que Paulo Ricardo enfrentou no início dos anos 90, das rádios e crítica especializada, pra entender se esse trabalho poderia ter sucesso ou não.

O álbum de 93 é muito bom, a banda fez muitos shows, mais não tocou nas rádios e a venda do álbum foi muito abaixo do esperado.

Paulo Ricardo declarou que ele estava mesmo na lista-negra das rádios, no início dos anos 90: “Rolou um bode geral, mas tudo é assim mesmo, as relações são de amor e ódio.

A imprensa aponta que nesse período as críticas a seus trabalhos solo ou de reformulação de carreira foram bastante duras, e que as rádios-comerciais não deram o mesmo espaço de antes, ao artista rock que liderou o RPM nos anos 80.

Isso poderia ter impactado o álbum Noturno. Mesmo que o disco fosse de excelente qualidade, se os principais formatos de rádio não tocassem os singles ou dessem pouca ênfase, isso limitaria sua penetração no grande mercado — fator decisivo em 1994, quando as vendas físicas e a difusão das rádios eram fundamentais.

Sem o apoio da mídia influente, o investimento em videoclipes ou em turnê poderia ter menor retorno, reduzindo o alcance.

Por outro lado, esse cenário poderia reforçar a aura de “obra de autor” e dar ao álbum mais valor de culto e legado, em vez de mega sucesso de massa.

Se o álbum fosse lançado em 94, sem o sucesso esperado por ele, talvez o Paulo Ricardo poderia ter tomado a mesma decisão de partir pra sua carreira solo, onde a partir de 1997 ele deu uma virada na sua trajetória, partindo mais para o pop.