A história do Junior Moreno, o primeiro baterista do RPM.

Antes do Paulo Pagni, antes da fama, e até mesmo antes da primeira grande apresentação... o RPM teve um outro baterista.
Pouca gente conhece a história de Moreno Júnior, Seu nome não está nos encartes, nem nos créditos dos discos, mas ele foi parte essencial da gênese do RPM.
Foi com ele que Paulo Ricardo e Luiz começaram a moldar a sonoridade da banda, foi na sua casa que tudo começou.
Junior era na época um adolescente de apenas 15 anos, com talento, entusiasmo... e um futuro promissor — que ajudou a construir a história do RPM, fez parte da fundação de uma das maiores bandas do rock brasileiro.
Em março de 1984, Paulo Ricardo e Luiz Schiavon decidiram transformar sua parceria musical em uma banda tradicional: teclado, bateria, guitarra e voz.
Foi aí que surgiu o nome de Moreno Júnior, no livro da banda eles falam do garoto assim, mas na verdade o nome dele é Júnior Moreno. O garoto foi indicado por um amigo do Paulo Ricardo que trabalhava no departamento gráfico, da gravadora BMGe Ariola.
Júnior tinha apenas quinze anos, mas já possuía sua própria bateria — o que, naquela época, já era meio caminho andado.
Animados, eles marcaram o primeiro ensaio na casa do Júnior Moreno, perto do Largo da Batata, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
Foi ali que o RPM deu seus primeiros passos como banda.
Segundo Paulo Ricardo, no primeiro ensaio foi uma coisa inacreditável.

Depois de vários shows na noite Paulistana e a procura por uma gravadora, a gente já contou essa história aqui no canal, a banda conseguiu um contrato pra gravar um compacto e depois um LP.
Quando começaram as gravações das primeiras músicas para o álbum do RPM com a CBS, um problema apareceu: Junior era muito pequeno. Suas pernas curtas o impediam de alcançar os pedais da bateria com precisão.
A equipe chegou a improvisar um banquinho mais alto, tentando adaptar o equipamento ao jovem músico.
Mas isso acabou comprometendo o rendimento técnico — especialmente em estúdio, onde cada detalhe importa. Como contou Luiz Carlos Maluly, o produtor desse trabalho, “Essa limitação atrapalhou um pouco.”
No final de 1984, veio a decisão mais difícil: Júnior Moreno teria que deixar a banda.
Ele ainda cursava a sexta série, e a vida na estrada exigiria uma dedicação total que não combinava com a rotina de um estudante adolescente.
Paulo Ricardo lembra com carinho: “O Moreno era muito gente-boa; a família dele, muito gentil, nos aguentava lá na casa, fazendo um baita barulho, mas não seria legal com ele.”
Pouco tempo depois a banda se transformou no maior sucesso da história do rock nacional.
A gente não sabe como ele se sentiu, mas de uma coisa não temos dúvida: ele não parou ali.
Júnior Moreno escreveu a partir daí, sua própria história — no compasso do blues.
Após sair do RPM, Moreno Júnior construiu sua própria identidade, ele mergulhou no blues com paixão e entrega.
Nos anos 90, ao lado do guitarrista Marcos Ottaviano e do baixista Andrei Ivanovic, fundou a banda Blue Jeans. O grupo rapidamente se destacou por apresentar uma sonoridade única: técnica impecável, respeito à tradição do blues e um toque inconfundível de brasilidade.
Não era apenas uma banda cover, o Blue Jeans tinha composições próprias, arranjos criativos e uma pegada autoral.
Com um som poderoso de power trio, Junior Moreno assumia bateria, vocal e gaita ao mesmo tempo, algo raríssimo no cenário musical brasileiro — e admirado por músicos internacionais.
Em 2002, lançaram o álbum Come Back Home, hoje considerado um clássico do blues nacional.
O disco contou com participações de peso como Flávio Guimarães, Ari Borger e Bocato, e levou o trio a um novo patamar.
Com o passar dos anos, o Blue Jeans virou referência para novos músicos, suas jams no Bourbon Street abriram caminho para toda uma nova cena.
Júnior foi do rock nacional ao blues internacional, começou como uma promessa precoce no RPM e se consagrou como um dos maiores nomes do blues brasileiro. Com sua banda Blue Jeans, deixou um legado musical que atravessa gerações.