A história do álbum de 1993, do Paulo Ricardo & RPM. Um trabalho mais sujo, mais pesado e mais rock.

A história do disco esquecido pelo RPM, o album Paulo Ricardo & RPM de 1993.


Em 1993, no auge do rock grunge, Paulo Ricardo lançou um de seus melhores trabalhos, o álbum Paulo Ricardo & RPM, disco que mostrava seu lado mais rock, mais pesado.

Depois de dois discos como solista, Paulo Ricardo, em busca de recuperar o sucesso alcançado na década de 80, acreditou que era um bom momento para o RPM voltar à atividade.

Mas seria um projeto diferente do clássico RPM, pois desta vez seriam apenas Paulo Ricardo e Fernando Deluqui da formação original, sem os teclados de Luiz Schiavon e a bateria de Paulo Pagni.

Veja essa história no video a seguir:


Neste projeto, além de Paulo Ricardo e Deluqui, estavam Franco Junior nos teclados e Marquinhos Costa na bateria, dois excelentes músicos.




Mas não existe RPM sem que haja problemas na Justiça, se fala que em 1993, Luiz Schiavon moveu uma ação justiça para que Paulo Ricardo não pudesse utilizar a marca RPM, por isso esta album leva o nome de Paulo Ricardo & RPM, embora também haja uma versão de que Marcos Maynard, na época presidente da gravadora Polygram, foi quem solicitou que o trabalho fosse chamado assim.

É um álbum direto, com letras politizadas, que falam de questões sociais e políticas, como nas musicas, o fim, hora do Brasil e Falsos oasis. A faixa tren, cria uma espécie de colagem que retrata um pouco da realidade do momento, uma dura realidade que o brasileiro ainda vive hoje, o desafio de seguir em frente em um presente marcado pela violência, os confrontos, tumultos, caos e violência policial.

Destaque para a música “vírus”, que obviamente faz referência à AIDS, a melhor do disco é a apocalíptica Génesis, talvez a melhor música do álbum, e uma das melhores letras de Paulo Ricardo, que resgata um pouco aquele lado B que o RPM mostrou no primeiro álbum de 1985, sombrio e meio gótico.

Nesta música a guitarra e a bateria têm presença dominante mas em harmonia, com um teclado que acompanha a música de forma quase secundária.

As faixas Perola e surfista prateado, são boas músicas e duas das escolhidas como músicas de trabalho, certamente designadas pela gravadora, talvez acreditassem que poderiam ser mais tocadas nas rádios, por terem letras não tão duras e críticas. 

A banda fez diversas participações em diversos programas de TV, e após o lançamento do álbum em 1993, apareceu em diversos programas de TV e teve uma de suas músicas na novela global "Olho no olho", que obviamente ajudou na divulgação.


O grande feito da banda naquela época foi o grande número de shows que fizeram por todo o país.

O trabalho de composição foi feito em grande parte na casa de Paulo Ricardo, e ensaiavam frequentemente nos estúdios de Paulo Pagni, que, embora não participasse da banda, acompanhava de perto todo o trabalho que o grupo fazia naquela época.

O álbum foi lançado em 1993 pela Polygram, gravado em seus estúdios com produção de Guilherme Canaes, e na versão em espanhol lançada em 1994, contou com a produção de Gustavo Santaolalla, um dos maiores produtores musicais da América Latina. Entre seus trabalhos estão ter ganhado dois Oscars, de melhor trilha sonora de filmes, e produzido grandes bandas de rock latino, como Molotov, divididos entre outras.

Acredita-se que este disco tenha vendido cerca de 60 mil cópias, número um pouco superior à venda dos discos de Paulo Ricardo lançados em 1989 e 1991, se compararmos com os discos do RPM na década de 80, foi um grande fracasso, mas eles excursionaram pelo Brasil afora, e fizeram muitos shows, o que para a banda foi muito bom.

Apesar dos muitos shows, as críticas foram bastante duras com este álbum, como mostram algumas matérias publicadas em alguns jornais da época, e também em declarações de Paulo Ricardo. Também é contada uma anedota na rádio 89, onde o radialista Tatola brigou ao vivo com Paulo Ricardo.

Em 1994 a banda entrou em estúdio para trabalhar no novo álbum, que poderia ser lançado entre o final daquele ano ou início de 1995. Já contavam com diversas músicas que ficaram de fora do álbum anterior e algumas composições inéditas, para o novo álbum que se chamaria “Noturno”, e que teria uma versão da música "Construção", canção de Chico Buarque. No programa "Estilhaços Urbanos" feito na tv cultura a banda apresentou essa música.

Mas os problemas voltaram, parece que um dia houve uma discussão num ensaio, Fernando Deluqui brigou com o tecladista e a banda se separou ali.