A passagem do RPM por Caxias do Sul.
Algumas garotas e garotos fizeram história na passagem do RPM por Caxias do Sul. Fanáticos pela banda, eles deixaram sono, fome e sede de lado para ficar um pouco mais próximos ou conseguir uma lembrança de Paulo Ricardo, Deluqui, Schiavon e P.A..
No dias 30 de setembro, 1º de outubro (data do show em 1986) e 2 de outubro, dezenas de adolescentes fizeram vigília em frente ao Hotel Al-fred, na Sinimbu, onde a banda ficou hospedada.
Uma daquelas jovens era a psicóloga caxiense Maria Cristina Cal-cagnotto Rocha, a Tina, até hoje co-nhecida como a “Guria do RPM”. Ela ganhou fama depois que foi entrevistada, na porta do hotel, pelo jornalista Pedro Bial, em Caxias acom-panhando a excursão da banda pelo país.
Meus pais estavam fora. Como morava a duas quadras do Alfred, eu e mais duas colegas combinamos de faltar aula e, às 6h do dia seguinte ao show, fomos ao hotel esperar eles saírem – conta Tina
O registro virou um Globo Repórter, que foi ao ar naquele ano e pode ser encontrado à venda como extra de um DVD do grupo ou na internet, via YouTube.
Meus pais estavam fora. Como morava a duas quadras do Alfred, eu e mais duas colegas combinamos de faltar aula e, às 6h do dia seguinte ao show, fomos ao hotel esperar eles saírem – conta Tina, lembrando ainda que, aos 13 anos, elas saíram de casa de uniforme escolar e no hotel trocaram de roupa, produzindo-se para encontrar os ídolos.
Tina recorda quando Pedro Bial se aproximou da “ilha de fãs”, como ele chamou no programa, para entre-vistar meninos e meninas:– Ele ficou horas insistindo para eu cantar uma música. Até que às 15h, concordei.
Ele perguntou o que era revolução, e eu e minhas amigas cantamos Revolução Por Minuto.
Por azar de Tina, exatamente na-quele instante, quando ela estava de costas para a saída do hotel, Paulo Ricardo, Deluqui, Schiavon e P.A, cruzaram a calçada e entraram no ônibus que os aguardava para partir.
No curto trajeto, os músicos, cercados por seguranças, tiveram de correr para não ter fi os de cabelos arrancados pelas fãs. Simpáticos, já nas janelas do ônibus, cuja lataria estava forrada por mensagens de amor escritas pelas adolescentes, autografaram capas de discos e deixaram-se foto-grafar.Naquele dia, Tina perdeu a opor-tunidade de ver Paulo Ricardo de perto.
Mas o destino lhe recompen-sou 23 anos depois. Em 2009, quando entrou com o marido em um posto de combustível da praia de Atlântida, Tina tremeu. Sentado em uma mesa da lancheria, Paulo Ricardo. Ele estava no litoral gaúcho para tocar com Humberto Gessinger no Planeta Atlântida.– Perguntei se ele lembrava de mim, do Globo Repórter com o Bial na frente do hotel em Caxias.
Ele disse que sim! Que Caxias tinha sido muito legal! – vibra a psicóloga. Aos 38 anos, Tina continua cur-tindo o RPM. Guarda com carinho fotos, discos e, é claro, o autógrafo dado por Paulo Ricardo no encontro no posto de gasolina.