Paulo Ricardo celebra 40 anos de carreira com turnê XL

Paulo Ricardo chega aos 40 anos de carreira olhando para frente, para o futuro.



Mesmo com uma longa estrada já percorrida (com muitos sucessos), o cantor não quer saber de nostalgia paralisante. A nova turnê, que marca as quatro décadas nos palcos, celebra as fases vividas, mas também abre espaço para o que ainda está por vir. Ou seja, os próximos 40. E contando.


Icone do rock nacional, cantor revela como venceu a timidez e ainda se reinventa no palco: 'Tudo me deixa nervoso, porque cada show é um show'


A estreia foi na sexta-feira 13 de junho 2025 em São Paulo, no Teatro Bradesco, a “Paulo Ricardo XL – 40 anos de carreira” e vai rodar várias cidades do Brasil, com datas já reservadas até 2026.

“Estou muito feliz de estar lançando algo novo, porque sou muito ligado na novidade. Estou sempre pensando no próximo projeto. Não sou uma pessoa saudosista. Chego aqui com um caminho apontando para os próximos 40 anos, mas ao mesmo tempo com um show que me faz rever essa carreira tão eclética. É como ter um sentimento de continuidade e me situar para ver para onde vou.”


Mas, mesmo mirando no que ainda está por vir, a ideia da turnê surgiu com um objetivo claro: revisitar a própria trajetória sem cair na repetição. Para isso, Paulo Ricardo quis transformar o palco, que conta com uma megaestrutura de telões e câmeras ao vivo, em um espaço de renovação, com uma narrativa que unisse os clássicos às descobertas.

“São muitas emoções. O grande desafio é contar uma história interessante com os grandes sucessos. E contar uma história diferente, um show diferente, oferecendo uma superprodução. Foi um trabalho muito prazeroso e, para o qual, contei com a ajuda do público mesmo”, pondera.


“Essa turnê me deu oportunidade de mudar tudo, com os elementos que já tinha na mão. Passei esses meses fazendo enquetes no Instagram, perguntando para o público o que eles queriam ouvir. Porque tem muitos sucessos que eu, por um motivo ou por outro, não conseguia encaixar em determinada turnê. E coisas que realmente nunca cantei”, conta.

E caminhada até aqui, ao mesmo tempo em que convida à celebração, também despertou reflexões em Paulo Ricardo. Revisitar quatro décadas de história foi, para ele, um exercício de surpresa e descoberta: “Olhando para trás, fiquei surpreso e vi que fiz muita coisa. Nesses 40 anos, acho que a surpresa é o grande elemento. A gente aprende que não tem muito controle sobre as coisas. E existem elementos, pessoas que chegam na tua vida e mudam tudo”, observa.


A imagem de um cantor de rock no palco costuma vir acompanhada de símbolos bem definidos: luzes intensas, figurinos marcantes, gestos teatrais e uma aura de sedução que conecta artista e plateia num jogo (nada) silencioso. Paulo Ricardo sabe bem disso, soube construir seu personagem no palco nesse tempo e não foge da regra. O que, para ele, subir estar ali é assumir um papel que vai além da música.

“Penso no show como uma espécie de ritual. E o sexo está muito presente ali, nas entrelinhas, não de uma forma explícita. De certa forma, todos nós artistas estamos ali no palco para seduzir, para trazer essa excitação para a performance. E sou muito fruto desse contexto”, pontua.

Mas o que se vê sob os holofotes não necessariamente se repete nos bastidores. Fora da cena, Paulo se descreve como alguém mais reservado e prático, longe do ídolo que incorpora durante as apresentações. A separação entre o artista e o indivíduo, segundo ele, já começa pelas roupas.

“Acho que existe um elemento narcísico em estar no palco, de que você precisa disso. Porque sem isso você não enfrenta o desafio de ser criticado, de ser analisado e de se expor diante de tanta gente. Separo muito bem, sobretudo no guarda roupa. Existem as roupas do personagem que eu jamais usaria. Sou uma pessoa simplesinha, de moletom e jeans. Bem básico”, diz.


E completa: “O personagem tem elementos e acessórios que eu nunca usaria. O palco é esse constante conflito entre a tua timidez e a tua privacidade. Além da necessidade de mostrar o seu trabalho. Esse conceito de pessoa pública ficou, ao longo dos anos para mim, cada vez mais difícil de lidar. Na minha época, a vida pessoal era irrelevante. O importante era o teu trabalho. Hoje, não. É parte do seu trabalho, esse diálogo diário com as pessoas, mostrar o que você está fazendo. Esse processo para mim não é tão fácil, porque tenho um lado mais fechado, que gosta de sossego. Mas tenho muito prazer em estar no palco”.
Timidez? Com certeza
Ainda que a experiência e os 40 anos de palco tragam segurança, Paulo Ricardo admite que certos desafios seguem presentes. A timidez, que sempre esteve ali, nunca desapareceu completamente. Mas ele aprendeu a lidar com ela.

“Você acaba ficando um pouco mais confortável, vai aprendendo a utilizar essa ferramenta e fica à vontade com a sua timidez. Mas em todo show a timidez é um desafio. A hora que você está no camarim, é mais uma batalha para vencer. Você tem que chegar chegando. Ajuda, porque a gente usa tudo que tem na mão, com luz, cenário, figurino, para passar uma imagem e levar as pessoas para o grau de euforia que um show, que a música, leva as pessoas.”
E mesmo com roteiro definido e as músicas de cor, cada show é único. Ele garante. E a resposta do público, impossível de antecipar. Para o cantor, essa entrega mútua entre artista e plateia carrega uma força própria, que exige presença e sensibilidade.

Nesse clima de entrega total no palco (comparado por ele à intimidade de uma relação) também marca a construção dos shows da nova turnê. Ao reunir diferentes fases da carreira em uma só narrativa, Paulo Ricardo vai criar uma experiência que surpreende tanto o público quanto ele mesmo.

“Todos os momentos vão estar ali: os mais rock e essas coisas novas que a gente nunca fez, que também vão me surpreender. Acho que seria a palavra que vai definir. Apesar de ter esse olhar retrospectivo, o fato de eu ter tanto tempo de carreira e tanta coisa para trabalhar, acabou criando uma coisa completamente nova”, afirma.
Com tantos elementos reunidos, ele garante que o espetáculo vai se distanciar de qualquer zona de conforto. E que, mesmo com referências conhecidas, o cantor aposta em uma proposta que foge de rótulos e abre caminho para novas possibilidades.

“As pessoas podem esperar o novo, uma coisa nova, diferente de tudo que já fiz. Diferente do RPM, diferente da carreira solo, diferente do rock popular. Tem um pouquinho de tudo. Mas o todo ficou muito interessante, muito rico”, conclui, rumo ao novo, rumo aos próximos 40 anos.


Fonte: https://gshow.globo.com/cultura-pop/musica/noticia/paulo-ricardo-celebra-40-anos-de-carreira-com-turne-e-fala-de-futuro-nao-sou-saudosista.ghtml