Revolução do RPM não seria a mesma sem os sintetizadores do Luiz Schiavon.

O impacto de Luiz Schiavon no pop rock brasileiro. 



Se Paulo Ricardo foi a voz e a cara do RPM, Luiz Schiavon foi a identidade musical.

O vocalista de uma banda, inevitavelmente, acaba se tornando também o rosto dela. 

O rosto e voz do RPM é o vocalista Paulo Ricardo. Foi ele também que esteve na linha de frente para fazer da banda - o gênero rock, em sua origem, sempre foi algo underground - um grupo de rock stars, o primeiro no Brasil nesse sentido. 

Entretanto, o RPM não faria sua revolução musical sem o talento do músico e compositor Luiz Schiavon.

Nascido em São Paulo em 1958, Schiavon se formou no Conservatório Mário de Andrade. Ou seja, estudou piano erudito, a formação clássica. 

Mas seus ouvidos, já na década de 1970, estavam voltados para as bandas de rock. Uma delas era o Deep Purple. O grupo britânico surgido nos anos 1968, é considerado um dos pioneiros do rock moderno com uma mistura de barroco, psicodelia, blues e rock progressivo. 

O jovem Schiavon, inclusive, chegou a ter uma banda cover do Deep Purple, na qual também teve seu primeiro encontro com Paulo Ricardo. Ainda estavam no radar de Schiavon bandas como Yes, Genesis e Emerson, Lake & Palmer. Yes e Emerson, Lake & Palmer usavam sintetizadores - um tipo de teclado que tem a função de reproduzir timbres e simular outros instrumentos, algo totalmente condenável pelos mais puristas do rock. 

Schiavon, com formação em música clássica, fã do progressivo, se apaixonou pelo aparelho. 

E isso seria fundamental no som do RPM. Schiavon foi pioneiro em usar sintetizadores no rock nacional. Eles estão nas introduções de Rádio Pirata, Olhar 43 e Alvorada Voraz. 

Todas as três canções, das quais Schiavon é compositor ao lado de Paulo Ricardo, viraram clássicos do Rock nacional.

 O som que Schiavon tirava dos sintetizadores fez do RPM uma banda com identidade própria, com um rock mais palatável para os ouvidos da grande massa brasileira, não acostumada com o som pesado das bandas de rock. 

Virou pop, ou pop rock. Não à toa, a banda foi parar no palco do Chacrinha, um carimbo do que era, de fato, popular. 

Quem viveu aquela segunda metade dos anos 1980, quando a turnê Rádio Pirata - e o álbum derivado dela, gravado ao vivo - tomou as paradas musicais, sabe bem a força do som que Schiavon foi capaz de tirar de seus sintetizadores. 

Paulo, Schiavon, Fernando Deluqui (guitarrista) e PA (baterista) tiveram seus dias de Beatles. 
Schiavon chegou a assinar, ao lado de outros músicos, o livro Revolucionários - Os Teclados que Mudaram a Música Para Sempre - no qual ajudava a contar a história sobre o desenvolvimento dos sintetizadores. 

Nada é exagerado ao se falar da importância de Schiavon na música brasileira. 

Nem mesmo os sons que ele tirou de sua parafernália eletrônica.