Nunca mais teremos uma banda como RPM.


Adolescente que eu era, vi o fenômeno; um bom termômetro era o amigo secreto da classe: se antes, a grande maioria pedia uma coletânea chamada Hit Parade (eu e mais dois infelizes pedíamos AC/DC), naquele ano da glória de 1985, toda a molecada queria o disco da capa amarela do RPM.


Nem precisava haver troca, porque o disco que você comprava era o mesmo que iria ganhar (eu comprei um do RPM e ganhei um do...RPM). Em pouco tempo, virou mania, a banda que todos nós gostávamos, saiu da sala de estar e foi parar na cozinha: os shows reuniam gente de todas as classes sociais e todos gostando daquela tecladeira prog de Luiz Schiavon e o jeito sexy de ser de Paulo Ricardo.




Musicalmente, havia os méritos e suas ousadias, canções sem refrão, compassos quebrados e ninguém achava estranho. Mas tudo o que sobe muito alto e rápido, sabemos, se estraçalha, os excessos; e não eram poucos; um disco ao vivo lançado logo depois do de estúdio, com o mesmo repertório; as brigas de egos; tudo contribuiu para que o RPM se desintegrasse, na mesma velocidade com que atingiu um patamar que nenhuma outra banda no país conseguiu.


Anos depois, com outra estética e outros motivos, a Legião Urbana chegou lá, mas nunca teve a seu dispor todo o aparato de stardom que os repemês contaram.

Nunca no Brasil haverá uma banda que foi tão longe como eles.

Materia: Combate Rock