Paulo regravou a canção de Caetano Veloso e lembra de quando dividiu o palco com o cantor da MPB.
A história do Paulo Ricardo com a cidade de Londres vai muito além do sucesso da regravação de "London, London", na década de 80. Apaixonado pela capital da Inglaterra, Paulo Ricardo resolveu se aventurar e passar uma temporada lá em 1983, depois de um longo período escrevendo sobre música em uma revista especializada. Paulo confessa que essa experiência foi quase um "autoexílio".
“O rock estava explodindo na época e eu comecei a ficar cansado desse negócio de escrever sobre música. Estava me tornando aquele estereótipo do crítico que é um artista frustrado”, conta Paulo, acrescentando: “Sempre nutri essa curiosidade pela cidade e Londres ainda é o epicentro da cultura pop no mundo. É de lá que saem as tendências, tanto na moda, quanto na música”.
Com a distância do Brasil, Paulo revela que costumava ouvir cassetes de cantores brasileiros e a canção que não saía do seu toca-fitas era "London, London", de Caetano Veloso. A música foi gravada pelo baiano na época em que ficou exilado durante a ditadura militar. “Eu me identificava muito com a música porque eu não estava ali a passeio, nem para estudar, eu estava ali quase que em um autoexílio”, confessa Paulo.
Volta ao Brasil e regravação de ‘London, London’
De volta ao Brasil, Paulo montou a RPM e começou a fazer shows pelo país. Em 1986, veio a regravação de "London, London" que estouraria nas rádios de todo o Brasil. “Tivemos o privilégio de ter o Ney Matogrosso dirigindo o nosso show ‘Rádio Pirata Ao Vivo’. Ele falou que nosso repertório era muito denso e queria uma coisa mais leve, uma música mais calma. Então eu sugeri "London, London". Era uma oportunidade de eu cantar em inglês e como foi escrita no exílio tinha tudo a ver com nosso viés mais politizado, com a nossa proposta da banda: Revoluções por Minuto”, lembra.
Surpresa para Caetano Veloso
Paulo e Caetano dividiram o palco e compartilharam a emoção de cantar “London, London” juntos em um show no Rio de Janeiro. “Paula Lavigne (empresária de Caetano) me chamou para fazer uma surpresa para ele e eu aceitei. No meio da música, eu entrei no palco e ele ficou muito surpreso”, recorda-se com carinho.