Paulo Ricardo exalta legado do RPM e anuncia novo disco.

Em entrevista ao Correio do Estado, Paulo Ricardo exalta legado do quarteto, diz que posar nu aos 60 foi divertido e anuncia nova turnê e disco.





Acompanhado de Ícaro Scagliussi (guitarra), Badel Basso (bateria) e Henrique Ark (teclados), Paulo Ricardo, com o seu contrabaixo Riverhead, apresentou os dois primeiros álbuns do RPM na íntegra, “Revoluções por Minuto” (1986) e “Rádio Pirata ao Vivo” (1986). Também não faltaram, no bis, o tema do “Big Brother Brasil”, “Vida Real”, e a balada “Dois”.

Na entrevista a seguir, o compositor, com o tecladista Luiz Schiavon, intérprete de “Louras Geladas”, “Rádio Pirata”, “Revoluções por Mim” e mais uma penca de canções que resistem impávidas ao tempo, repassa o legado de seu antigo grupo, rasga elogios a Ney Matogrosso e fala sobre novos projetos, a exemplo dos NFT’s (tokens não-fungíveis) com cards, em parceria com o quadrinista Mike Deodato, que “põem o dedo na ferida da política nacional”. Confira.

Como rolou a ideia de celebrar os 35 anos do disco “Rádio Pirata Ao Vivo”?

Este espetáculo, dirigido magistralmente por Ney Matogrosso, que trouxe uma série de inovações em sua superprodução, como o raio laser, por exemplo, e bateu todos os recordes de público por onde passou, merecia ser lembrado, revisitado. Os fãs pediam, queriam ouvir aquelas canções que eu não fazia há muitos anos, e quis deixar claro que a chama da revolução continua acesa, e a turnê tem sido um enorme sucesso.

O que mais poderia dizer da presença do Ney Matogrosso na direção e na luz do show?

Uma obra-prima.

Como definiria o álbum?

Techno pop rock com elementos do pós-punk e do gótico, alternando momentos solares com outros mais sombrios.

E o que acha do apelo de tantas canções, mesmo muito tempo depois?

São uma polaroid dos anos 80, mas continuam impressionantemente atuais, mesmo as letras mais politizadas parecem ter sido escritas há alguns meses.

Tem ideia de quem são os teus fãs atuais?

Desde o começo tivemos um público muito abrangente, e hoje é possível ver que os antigos fãs estão levando seus filhos, então temos claramente duas gerações de fãs. Um barato!

O que passa pela cabeça – e pelo coração – durante as apresentações?

O lado esquerdo do cérebro está imerso na interpretação das canções, enquanto o lado direito fica atento a tudo que está acontecendo à minha volta, som, luz, plateia, como um ombudsman [risos].

O que dizer de fama e sucesso em 2022? O que te trouxe a alta exposição dos anos 1980 em termos de ônus e bônus?

Sucesso vem do latim “suceder”, “realizar”. Então, o importante é fazer seu trabalho da melhor maneira possível, com verdade e paixão. O sucesso é consequência, assim como a fama, não um objetivo.

Como é ser um ídolo por tanto tempo? Em que medida pensa nisso?

É lisonjeiro, mas também uma enorme responsabilidade, que me faz ser e estar cada vez melhor. Mas realmente não penso nessa coisa de ídolo, estou sempre focado no próximo projeto.

Como vê o legado do RPM hoje?

Havia o acirramento, no passado, entre as várias divisões e subdivisões no rock em termos de estilo, ideologia, etc, segundo o qual ser famoso era algo meio que maldito para quem queria ser roqueiro “de verdade”.

No fim, o que fica são as canções, os shows competentes, profissionais, e a memória afetiva de cada um. Acredito que a banda está eternamente associada aos anos 1980, àquela euforia, à explosão do rock nacional e a uma sensação de estarmos vivendo um período mágico da história e que deixou muita saudade.

E o que vem por aí?

Uma nova turnê, a “Rock Popular”, o álbum “Voz, Violão & Rock ‘n’ roll”, assim como a turnê homônima e, na sequência, o novo single, dançante e moderno. E ano que vem, um álbum de inéditas. Estou superanimado.