"Dois", foi um enorme sucesso, mas me levou para a "bregolândia"
Qual é o meu público, Não sei.
Nos anos 90 eu fiz um disco muito eclético e gravei coisas da Adriana Calcanhotto e Edu Lobo, compus com Jorge Israel, Herbert Vianna e Michael Sullivan. A música que eu compus com o Sullivan, "Dois", foi um enorme sucesso, mas me levou para a "bregolândia". Foi uma vivência muito rica. Naquela situação, as rádios pop rock torceram o nariz e as populares abriram as portas para mim.Foi muito boa essa minha passagem pela 'bregolândia'. Agradeço muito mas, eu não sou daqui". Eu vim aqui, mas sou do pop rock
Sou um artista popular e não tenho problema nenhum com isso. Mas eu senti que, artisticamente, seguia uma tendência em me fechar dentro desse estereótipo. Eu regravei "Imagine" [de John Lennon] a pedido da Globo e com autorização da Yoko Ono. Aí eu pensei: "Foi muito boa essa minha passagem pela 'bregolândia'. Agradeço muito mas, eu não sou daqui". Eu vim aqui, mas sou do pop rock. Vou voltar para o pop rock. Então, o RPM volta com o projeto "MTV RPM" (2002) e eu sigo dali. Eu poderia, dentro da "bregolândia", chegar nas rádios populares e dizer: "Gente, voltei". Mas não é o caso.
Naquela época, em 1997 e 1998, eu acreditei que poderíamos derrubar os muros entre o Brasil popular e o preconceito da elite. Eu fiz muito sucesso nessa época e tentei acabar com os preconceitos. Acreditei que o meu sucesso era, em si, uma manifestação muito clara de que não havia preconceito.
¿Nessa época você ficou com "medo" de virar um novo Roberto Carlos?
Não. Tenho a maior admiração pelo Roberto Carlos. Ele foi a minha grande influência. Mas ele é de outra geração. Ele foi para o romântico e eu sou rock and roll. Toda banda tem a sua balada. Os Beatles têm "Hey Jude" e "Let it Be". OBlack Sabbath tem "Changes". E os Rolling Stones têm "Angie" e "Wild Horses". Mas eu não sou capaz de fazer um disco só de baladas. Eu morreria de tédio.
Naquela época, eu achei que a gente viveria uma mudança. Mas as rádios são muito preconceituosas. De um modo geral, a mídia pop rock não fomenta o brasileiro. É sempre mais seguro apostar no artista gringo. Já as rádios populares querem que se foda o gringo. As rádios populares não vivem essa esquizofrenia. Eles não têm esse drama de consciência e fomentam o artista nacional, botam eles nas capas das revistas e estouram na rádio e na televisão. E o sertanejo vai lá e diz: "Muito obrigado". E o artista pop rock fica aí, cheio de complexo de inferioridade.
Sou um artista popular e não tenho problema nenhum com isso. Mas eu senti que, artisticamente, seguia uma tendência em me fechar dentro desse estereótipo. Eu regravei "Imagine" [de John Lennon] a pedido da Globo e com autorização da Yoko Ono. Aí eu pensei: "Foi muito boa essa minha passagem pela 'bregolândia'. Agradeço muito mas, eu não sou daqui". Eu vim aqui, mas sou do pop rock. Vou voltar para o pop rock. Então, o RPM volta com o projeto "MTV RPM" (2002) e eu sigo dali. Eu poderia, dentro da "bregolândia", chegar nas rádios populares e dizer: "Gente, voltei". Mas não é o caso.
Naquela época, em 1997 e 1998, eu acreditei que poderíamos derrubar os muros entre o Brasil popular e o preconceito da elite. Eu fiz muito sucesso nessa época e tentei acabar com os preconceitos. Acreditei que o meu sucesso era, em si, uma manifestação muito clara de que não havia preconceito.
¿Nessa época você ficou com "medo" de virar um novo Roberto Carlos?
Não. Tenho a maior admiração pelo Roberto Carlos. Ele foi a minha grande influência. Mas ele é de outra geração. Ele foi para o romântico e eu sou rock and roll. Toda banda tem a sua balada. Os Beatles têm "Hey Jude" e "Let it Be". OBlack Sabbath tem "Changes". E os Rolling Stones têm "Angie" e "Wild Horses". Mas eu não sou capaz de fazer um disco só de baladas. Eu morreria de tédio.
Naquela época, eu achei que a gente viveria uma mudança. Mas as rádios são muito preconceituosas. De um modo geral, a mídia pop rock não fomenta o brasileiro. É sempre mais seguro apostar no artista gringo. Já as rádios populares querem que se foda o gringo. As rádios populares não vivem essa esquizofrenia. Eles não têm esse drama de consciência e fomentam o artista nacional, botam eles nas capas das revistas e estouram na rádio e na televisão. E o sertanejo vai lá e diz: "Muito obrigado". E o artista pop rock fica aí, cheio de complexo de inferioridade.