Por Toda a minha vida

Programa de ótima qualidade, “Por Toda a Minha Vida” vem apresentando perfis de grandes nomes da música brasileira por meio da recuperação de imagens históricas, depoimentos de especialistas e a encenação, com atores, de momentos importantes na vida e na carreira dos personagens em foco.

Em 2010 pela primeira vez, o programa arriscou abordar a trajetória de artistas vivos. Quer dizer, o foco foi um grupo de rock, o RPM, cuja existência durou poucos anos, mas seus integrantes estão aí para contar – ou tentar contar – o que aconteceu. Dirigido por Thiago Teitelroit e roteiro de George Moura, apresentou 45 minutos de grande impacto.

Vinte e cinco anos depois de aparecerem feito cometa no show business brasileiro, os quatro músicos da banda ainda parecem buscar respostas tanto para o súbito sucesso quanto para o rápido desaparecimento.

“A gente vivia bem bêbado. Todo mundo consumia drogas naquela época”, diz P.A. Pagni, o baterista. “A droga provocou uma mudança de personalidade e potencializou o mal que havia em cada um. E começamos a jogar o nosso sonho fora”, conta o guitarrista Fernando Deluqui.

Luiz Schiavon, tecladista e compositor, ainda fala com ressentimento dos seus conflitos com Paulo Ricardo. Já o bandleader, no seu esforço de encarar tudo que ocorreu como natural (na sua visão, apenas mais um clichê do mundo do rock), acaba sugerindo que ele próprio se transformou numa caricatura.

Ao final, P.A. diz que sem a cocaína a história da banda talvez tivesse sido outra. “O RPM é um filme sem final”, observa. “Dando restart, é só chamar”, diz Deluqui.

O ponto fraco de “Por Toda a Minha Vida”, costuma ser a encenação de episódios da história. É um recurso que, na falta de cenas de arquivo, ajuda a dar sentido à narrativa, mas quase sempre soa pouco convincente, canhestro mesmo, por recorrer a atores com pouca experiência.

Vale a pena conferir de novo.